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Você conhece o ABC Framework do Google?

O ABC Framework do Google, revelado em documentos do Departamento de Justiça dos Estados Unidos, questiona a ideia dos mais de 200 fatores de ranqueamento. A discussão mostra como anchors, body e clicks podem sintetizar sinais decisivos do algoritmo e redefinir a compreensão sobre SEO.

Sempre que um funcionário (ou ex-funcionário) do Google compartilha alguma informação relacionada a fatores de ranqueamento, SEOs por todo o mundo ficam extremamente interessados. Afinal, nada melhor do que ter diretrizes extraídas direto da fonte.

Recentemente, tivemos um acontecimento que foge um pouco da regra. Ainda são informações vindas diretamente do Google, mas não em um post no blog ou no X (antigo Twitter), mas sim de uma ordem judicial.

Parece estranho, eu sei, mas nossa aula de SEO de hoje virá diretamente do DOJ (U.S. Department of Justice), o Departamento de Justiça dos Estados Unidos. E pode ter certeza que será um dos conteúdos mais valiosos que você já consumiu sobre SEO, pois traz revelações sobre o ABC Framework do Google

A partir de hoje, ele vai ter um significado totalmente diferente para você.

Contexto rápido: o que o Departamento de Justiça dos Estados Unidos tem a ver com SEO?

Antes de mais nada, é interessante explicar qual é a relação dos fatores de ranqueamento com um processo na justiça.

Em janeiro de 2023, o DOJ dos Estados Unidos abriu uma investigação contra o Google, alegando que a empresa tinha um monopólio no mercado de adtech (o conjunto de ferramentas para venda de anúncios na internet).

Depois do julgamento, ocorrido em setembro de 2024, o Google foi declarado culpado em abril de 2025, com sanções em potencial que incluíam compartilhamento de dados e até mesmo venda de ativos.

Um dos muitos documentos do processo é o PXR0356, que contém notas de uma entrevista realizada em 18 de fevereiro de 2025 com o engenheiro H. J. Kim, explicando o funcionamento de alguns sinais de ranqueamento utilizados pela gigante das buscas.

É aí que chegamos ao ABC Framework do Google, bem como a outras letras e símbolos também, como T*, Q*, e Navboost.

O que é o ABC Framework do Google?

Muito mais simples do que o cruzamento entre tantos possíveis fatores de ranqueamento que já tomaram a internet ao longo de tantos anos, temos o seguinte:

  1. A: Anchors (âncoras): são links que apontam para o seu site, tanto em quantidade quanto em qualidade.
  2. B: Body (corpo): o que a página diz de si, contemplando a correspondência com o termo / tópico de buscas, a estrutura semântica e os dados estruturados, entre outros pontos.
  3. C: Clicks (cliques): as interações dos usuários. Considera a quantidade de cliques, a navegação na página comparada ao retorno à SERP e outros sinais históricos correlatos.

ABC não é uma “marca oficial”, mas sim como os engenheiros referiram o agrupamento de sinais na documentação constante nas entrevistas dos autos.

T*, Q* e Navboost: o que vai além do ABC do Google

Antes de aprofundar em mais detalhes e ainda conectado ao ABC, outros três termos importantes foram citados no documento e merecem ser trazidos aqui. Seguem:

  1. T*: Topicality (topicalidade): basicamente, este núcleo combina o ABC como base de relevância por consulta.
  2. Q*: Page quality (qualidade da página): na maioria das vezes é estática, ou seja, não muda de acordo com a pesquisa feita. Isso, porém, pode acontecer em casos como quando o site tem uma boa qualidade em conteúdos generalistas, mas a query do usuário é mais técnica. Em situações deste tipo, a SERP pode preterir este domínio em detrimento a outros.
  3. Navboost: tabela com janelas de até 13 meses de dados de cliques segmentados por local e dispositivo (ou seja, traz um histórico que pode potencializar o ranqueamento).

Além disso, ainda vale destacar os LLM Signals, ou seja, sinais trazidos por Large Language Models (como o ChatGPT e o Gemini, por exemplo) para interpretar e distribuir a relevância. A base disso tudo, porém, consiste na relação entre ABC + Q*.

O ABC do ABC Framework do Google: como melhorar cada um dos pontos

Tudo isso é muito interessante, mas chegou uma hora ainda melhor: colocar o ABC Framework do Google em prática para potencializar seus resultados.

Separei aqui alguns insights para te ajudar a estruturar essa estratégia.

A (Anchors): Link Building e Digital PR

O objetivo da melhoria do “A” é simples: aumentar a cobertura do seu site com links contextuais em fontes relevantes e que tenham como objetivo atender a públicos correlatos com o seu.

Comece pelas seguintes ações:

  1. Mapeamento de gaps relacionados à sua entidade: dentro do core de assuntos sobre os quais você fala, quais deles não são cobertos por links externos? Fazer este mapeamento por cluster de conhecimento, por meio de uma planilha simples e uma ferramenta como Ahrefs ou SimilarWeb, mostra os buracos que você precisa cobrir.
  2. Crie campanhas de guest posts editoriais: esta é uma estratégia antiga, mas que ainda funciona muito bem. Oferecer conteúdos que referenciem sua marca ajuda a trazer mais relevância e aumentar o nível de qualidade do site, o que beneficia todo o domínio.
  3. Veicule iniciativas de Digital PR com dados proprietários: em tempos de Information Gain Score, dados primários de fontes relevantes valem muito. Para quem recebe estes conteúdos, os benefícios também são nítidos: credibilidade e conteúdo de valor (desde que seja criado assim, é claro).
  4. Invista no outreach 1:1 para fontes temáticas: para construir topical authority na veia, a prospecção individual de potenciais sites para publicar seus conteúdos continua valendo.

Com isso, você tende a aumentar a quantidade de domínios de referência por cluster de conteúdo, a variedade de domínios que linkam para você e trabalha o percentual de âncoras brand / navigacionais de acordo com o que mais fizer sentido para sua estratégia.

Serviços de SEO que podem ajudar: Link Building e Digital PR

B (Body): conteúdo e Information Gain

Seguindo com o alfabeto do Google (que não é a Alphabet), entramos no que compõe todo e qualquer site: conteúdo.

Aqui, o intuito é o de maximizar o T*, produzindo conteúdos que cobrem as intenções de busca do usuário e, ainda por cima, adiciona novas informações sobre o que ele procura, ou seja, o conceito de Information Gain Score (IGS).

É só com isso, inclusive, que se torna possível melhorar as âncoras. Afinal, sem conteúdo, não há o que linkar.

  1. Construa topical authority por clusters: parece complexo, mas isso significa que você precisa criar páginas-pilar de conteúdo e vários hubs que direcionam para ela. Se for um e-commerce de eletrodomésticos, a página pilar poderia ser “melhores eletrodomésticos para casa”, enquanto os hubs seriam “melhores liquidificadores”, “ventiladores mais potentes” e “fornos elétricos mais econômicos”, por exemplo.
  2. Tenha dados estruturados: em SEO, conteúdo não é só escrita: também envolve a parte técnica. Schema é um grande amigo de quem deseja posicionar melhor.
  3. Information Gain Score é obrigação: o Google não quer priorizar o seu site se ele fala o que todos falam, pois não há diferença. Agora, se seu conteúdo é mais profundo, traz pontos de vista autorais e foge do lugar comum, é isso que ajuda a ganhar alguns pontinhos e se destacar neste oceano de informações.
  4. SEO on-page tradicional ainda conta muito: headings com palavras-chave e complementares, imagens com alt descritivo e escaneabilidade dos conteúdos continuam sendo otimizações valiosas.

Este conjunto te ajuda a cobrir mais entidades por cluster, ter mais profundidade de conteúdo e, em outras palavras, mais recursos para responder a diferentes queries.

C (Clicks): engajamento e experiência

Seus conteúdos devem parecer atraentes o bastante para o usuário clicar e interessantes o suficiente para que eles continuem. Isso implica em uma redução na taça de rejeição e, consequentemente, em melhorias nos seus resultados.

As seguintes ações podem ajudar:

  1. Crie títulos que merecem cliques: você pode ter um conteúdo incrível, mas se o título não chamar a atenção, será quase igual a ter um livro magnífico com uma capa péssima. Pense no seguinte: você teria vontade de clicar em seu conteúdo se fosse de outro site?
  2. Adicione rich snippets: o schema markup te permite adicionar mais recursos clicáveis à SERP. Consequentemente, isso pode aumentar suas chances de conquistar os cliques, então seja estratégico nas escolhas e configurações.
  3. Desenhe a melhor experiência possível: Search Engine Experience (SXO) vai muito além de ter um site bonitinho. Pensar nisso também permite que toda a navegação favoreça a conversão, seja qual for o objetivo daquela página.
  4. Otimize a velocidade do seu site: em um mundo tão ágil, ter um site lento é tão ruim para o usuário quanto para o algoritmo do Google. Esta é uma questão técnica que deve ser prioridade em suas otimizações.

Com essas iniciativas, seu CTR pode aumentar, bem como o tempo de permanência. Boas otimizações também potencializam as conversões, o que mexe não só no Analytics, mas também em cadastros, transações e receita (que é o que mais importa).

Google ABC Framework prova uma coisa: que o básico é avançado

Quem já me conhece há algum tempo sabe que eu bato na tecla de que o básico no SEO é o avançado. Essa divulgação serviu para reforçar ainda mais esta ideia que continuarei defendendo.

ABC, T*, Q* e Navboost são termos novos, mas eles não mudam tudo que conhecemos: envelopam o que já aplicamos e defendemos de uma maneira diferente.

Se a sua dúvida era porque a página não ranqueia no Google, essas informações do DOJ não mudam muito do que já existia, o que é bom. Por outro lado, algumas teorias conspiratórias e mais malucas do SEO podem cair por terra.

No final das contas, o ABC do Google resume o que todo bom SEO já deveria estar fazendo. Se você ainda não está neste caminho, a Hedgehog Digital é a agência de SEO que pode te levar para lá, antenada ao que acontece de mais novo neste universo digital.

Felipe Bazon

Felipe Bazon é CSO da Hedgehog Digital e um dos profissionais de SEO mais renomados do país com reconhecimento internacional. Em 2015 e 2020 foi eleito profissional do ano de SEO no Brasil. Além da vasta experiência operacional, é também orador regular em eventos como E-show, OME Expo, Des-Madrid, Digitalks, RD Summit e Brighton SEO.

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