O caso antitruste do Google e os aprendizados que redefinem o SEO na era da IA

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O que SEOs Devem Saber sobre o Processo do Google de Antitruste

Revelações inéditas sobre como o Google usa cliques, conteúdo, IA e sinais comportamentais expõem o que realmente move o ranking. Entenda o papel de frameworks como ABC, Navboost, RankEmbed BERT e Glue e como profissionais de SEO devem adaptar suas estratégias para ganhar preferências, citações e presença nas SERPs tradicionais e com IA Generativa.

O atual momento do SEO é bem diferente do que era antigamente. Entre as prioridades, que já passaram de estar na posição 1 do Google para estar na posição 0, agora estão também em ser citado pelo AI Mode e pelos AI Overviews.

Em meio a essas mudanças, as estratégias antigas precisaram ser ajustadas para a nova realidade, e se mudanças de algoritmo já trazem um certo nível de incerteza, quanto mais algo tão diferente assim.

Ainda bem que temos uma fonte e tanto para ajudar a entender o mecanismo por trás disso. Uma investigação por parte do Departamento de Justiça dos Estados Unidos sobre o Google trouxe informações valiosas sobre como o Google realmente funciona.

Algumas ideias já ventiladas se confirmaram (ABC Framework do Google e Navboost), enquanto outros conceitos se consolidaram (como Glue, DocID e RankEmbed BERT). O que resta a nós, SEOs, é absorver o melhor disso tudo para aplicar estratégias que realmente funcionam.

Se você quer conferir a documentação oficial do processo, aqui está.

Neste artigo, separei os 10 principais conceitos e práticas dos documentos revelados pelo Google no processo de justiça e adicionei minhas percepções de quem está há mais de 10 anos na ativa das estratégias de SEO de algumas das maiores empresas do mundo.

  1. Conteúdo vale mais que PageRank (e links)
  2. Cliques, conteúdo e consulta como sinais brutos de ranqueamento para a SERP
  3. O Google melhora aprendendo com a interação dos usuários
  4. RankEmbed BERT como modelo de ranking treinado com logs + “quality raters”
  5. ABC Framework do Google + Navboost afetam diretamente o posicionamento
  6. DocID: o “perfil interno” de cada página
  7. Glue: o log gigante do comportamento na SERP
  8. Dados de uso e spam score das páginas influenciam o crawl budget
  9. Dados do Chrome servem como indicativo de sinais de popularidade
  10. Novos desdobramentos da IA nas buscas

1. Conteúdo vale mais que PageRank (e links)

Os documentos compartilhados pelo Google também reforçam que o PageRank continua existindo, mas como um sinal entre muitos, não aquele que é definitivo e tem o maior peso.

Outro ponto que chama (muita) atenção é que a maior parte da avaliação de qualidade de uma página hoje vem da própria página, considerando seu conteúdo, contexto e evidências, bem como a experiência de navegação.

Isso significa que os links perdem o trono de maior destaque quando se considera a leitura que os modelos fazem da qualidade e do valor daquele conteúdo. Porém, o Link Building continua relevante nos estágios de descoberta e consideração, por exemplo.

O conceito de Digital PR está diretamente conectado com este ponto. Para além de querer apenas conquistar links, trabalhe na arquitetura da informação, com clareza e validação do que está dizendo.

2. Cliques, conteúdo e consulta como sinais brutos de ranqueamento para a SERP

Podemos listar “3 C’s” que impactam diretamente no ranqueamento: cliques, conteúdo e (termos da) consulta. É isso que ajuda no desempate e no refinamento das posições na SERP.

Em cima desses elementos entram modelos de linguagem como o RankEmbed BERT, capaz de extrair sinais semânticos e, com isso, recuperar bons documentos mesmo sem que os resultados tenham os mesmos termos exatos da busca feita.

No final das contas, o ponto é que o CTR por si só não é a maior garantia de um bom ranqueamento, já que também está aliado a isso o quão satisfatório é aquele resultado de acordo com a intenção de busca. Isso pesa para privilegiar quem resolveu melhor aquela query.

Seus conteúdos devem, então, ser muito bem encaixados técnica, semântica e intencionalmente. Isso vai diretamente de encontro com os conceitos de Topical Authority e Information Gain Score (IGS) 

Eles precisam ser pensados estrategicamente para entregar uma boa experiência, o que vai muito além de uma correspondência exata e repetição excessiva de palavras-chave.

3. O Google melhora aprendendo com a interação dos usuários

Os documentos deixam bem claro como o feedback dos usuários em grande escala tem relação direta com a evolução das buscas.

Cada consulta feita no Google devolve determinados resultados. Além disso, as interações do usuário com as SERPs servem para “ensinar o sistema”, mostrando quais foram os resultados preferidos para cada pessoa e cada query.

Todos esses dados de acesso, das páginas escolhidas ao hover do mouse, servem para alimentar o mecanismo preditivo do buscador e ajustar o ranking a partir do comportamento humano.

Isso deixa claro que só o clique não basta. Você precisa confirmar a promessa da sua página com uma resposta clara e que faça sentido para quem busca, o que casa com o conceito de Search Experience Optimisation (SXO).

4. RankEmbed BERT como modelo de ranking treinado com logs + “quality raters”

Citei este cara e quero trazer mais detalhes sobre ele aqui. O RankEmbed BERT é um modelo treinado com vários dias de logs e calibrado com avaliações chamadas de Quality Raters, ou seja, “classificadores de qualidade”.

Isso não significa que os raters influenciam diretamente no ranking, mas essas avaliações funcionam como dados de treino para ensinar o sistema a reconhecer o que é bom para cada query (o que se conecta com as lógicas de Needs Met e de E-E-A-T para autores, por exemplo).

O modelo, então, melhora a recuperação de informações e entende linguagem para encontrar documentos relevantes em sua base, mesmo que estes não tenham correspondência literal com o termo de busca.

Aqui, originalidade, utilidade e relevância são os grandes destaques. Traga evidências em seus conteúdos (olho no Information Gain) e trabalhe em uma estrutura de Entity SEO bem planejada e amarrada, uma das grandes tendências de SEO para 2025 (e além, inclusive).

5. ABC Framework do Google + Navboost afetam diretamente o posicionamento

Já falei sobre o ABC Framework do Google por aqui, mas vale destacar novamente. Os documentos indicam que a topicalidade / base score são baseados nos seguintes termos:

  • Anchors (links)
  • Body (conteúdo e termos utilizados)
  • Clicks (preferência histórica dos usuários)

Além disso, o Navboost registra os cliques relacionando a consulta ao documento e ajuda a refinar os resultados para queries específicas.

Também entra na conta o Glue com sua enorme base de dados, formando uma memória comportamental que ajusta os posicionamentos conforme as buscas acontecem.

O jogo não está em links ou conteúdo ou cliques, mas em tudo isso junto. O IGS garante que o corpo do conteúdo mereça os cliques e as âncoras por trazer conteúdo novo, fresco, autoral e diferente do que está nos outros sites.

6. DocID: o “perfil interno” de cada página

Cada URL que está listado em uma SERP possui uma identificação interna, chamada de DocID, agregando uma série de atributos, como:

  • Popularidade (que deriva das interações com a página);
  • Qualidade / autoridade da página;
  • Dados de crawl (primeira e última visita do crawler);
  • Spam score;
  • Quais dispositivos acessaram a página etc.

Esse “cartão de visitas” do Google traz um histórico de desempenho e confiança muito importante e que pesa demais nas decisões de posicionamento. Embora não seja um número público (e como seria bacana se conseguíssemos ter acesso a esses dados), é interessante saber de sua existência.

Isso indica que a sua entidade de página deve ser a mais organizada e uniforme possível. Consistência editorial, atualizações sempre que necessário e fontes verificáveis agregam bons pontos neste cálculo.

7. Glue: o log gigante do comportamento na SERP

Você sabia que o Google tem uma “cola” para saber como montar as SERPs? O Glue é descrito como uma tabela gigantesca que reúne dados como:

  • Consultas;
  • Contextos (de idioma a dispositivo e local da busca);
  • Resultados da SERP (tanto os links quanto as features que apareceram);
  • Tempo que o usuário ficou na SERP etc.

Com este grande compilado de comportamento, o Google faz ajustes finos e consegue definir quais blocos resolvem melhor cada intenção de busca, ou seja, algo que está muito além de “só” quais links devem aparecer.

Competimos, então, em um ecossistema de vídeos, resultados do Google Maps, AI Overviews, People Also Ask e muito mais, o que endossa a importância do OSO (Organic Search Optimisation).

Antecipar perguntas que os usuários podem fazer, de acordo com o conceito de Query Fan-Out, aumenta as chances de ser escolhido como a melhor resposta para as queries para as quais você quer posicionar.

8. Dados de uso e spam score das páginas influenciam o crawl budget

O crawl budget também não ficou de fora das revelações. Os dados dos usuários influenciam não apenas o que o Google rastreia, mas também quando ele retorna para as páginas, enquanto o spam score também afeta a prioridade dos rastreamentos.

Se o conteúdo é bom, com audiência e qualidade percebida por parte dos usuários, o crawler visita e retorna com maior frequência. Caso contrário, se o conteúdo fica estagnado e com sinais fracos, provavelmente vai perder sua prioridade.

Manter o público engajado acelera a descoberta de novos conteúdos, enquanto conteúdos desatualizados e ruins podem reduzir o crawl budget. Atualizações contínuas nos conteúdos tornam-se ainda mais valiosas neste cenário.

Como bônus, os guidelines gerais do Search Quality Rating Program podem ajudar muito a entender o que colocar e o que evitar nos conteúdos.

9. Dados do Chrome servem como indicativo de sinais de popularidade

Essa já foi mais fora da caixinha: os documentos fazem menção a um sinal de popularidade das páginas que pode usar dados do Chrome.

O “como” isso acontece não foi revelado, mas a menção sugere que a popularidade é baseada em dados de visitação do Chrome e no número de âncoras.

O ponto é que o ecossistema de posicionamento realmente observa como as páginas são usadas e navegadas pelos usuários.

O Search Experience Optimisation (SXO) ganha ainda mais destaque aqui. Mesmo que não haja clareza de como isso funciona, este é mais um claro indicativo de que ter páginas facilmente navegáveis e visualmente agradáveis vai muito além de estética.

10. Novos desdobramentos da IA nas buscas

Por último, mas bem longe de ser o menos importante, também temos novidades quando falamos sobre IA. Elas se dividem entre os pontos que vou abordar a seguir.

10.1. Google Common Corpus (GCC)

De acordo com os documentos, o pré-treino do Gemini tem como base principal o Google Common Corpus (GCC), nome dado a um grande conjunto de documentos públicos rastreados recentemente pelo Google e armazenados em estruturas chamadas de Docjoins.

O GCC vai além do crawling comum e isso indica que estar rastreável, atualizado e com um bom site é um requisito para estar entre as sugestões que importam.

10.2. MAGIT e AI Overviews

Se você nunca ouviu falar no MAGIT, saiba que ele precisará estar em sua mente a partir de agora. Está é uma versão do Gemini ajustada para gerar o texto que aparece no Google AI Overviews.

O material público divulgado pelo Google não informa como é feita a escolha dos links dos painéis de AI Overviews (se por meio do ranking “normal” ou de algum outro recurso), mas fato é que o formato de “answer-first” nos conteúdos ganha ainda mais peso com isso.

10.3. FastSearch

Ainda no tema de IA, também foi descrito o FastSearch, uma tecnologia que usa sinais como os do RankEmbed para gerar uma lista abreviada de páginas para embasar a resposta do LLM com maior agilidade do que em buscas completas.

Isso acaba sendo acompanhado de alguns trade-offs, com a velocidade sendo colocada como prioridade em detrimento de uma pequena perda de qualidade nas buscas. Porém, em um mundo tão acelerado quanto o que vivemos, focar na agilidade realmente faz sentido.

Este é um tópico que influencia ainda mais diretamente em temas quentesz ajudando a manter a resposta ancorada e recente. Por isso, além de querer posicionar suas páginas, agora é preciso virar fonte nessa lista que sustenta as respostas dos AI Overviews, por exemplo.

O mapa mental das estratégias de SEO não é mais o mesmo

O grande resumo da obra é que conteúdo porrada vale mais do que links, mas conteúdo + preferência é o que realmente vence.

O Google mede a utilidade das páginas por um sistema vivo, suportado por uma estrutura de dados absurdamente robusta e que se atualiza muito rapidamente. Logo, mudanças de comportamento nas páginas podem (e provavelmente irão) trazer mudanças em seu posicionamento.

Conceitos sobre os quais já comentei sobre há um bom tempo, como Generative Engine Optimisation (GEO), Answer Engine Optimisation (AEO) e como ser citado pelas IAs, se entremeiam a tudo que foi falado aqui.

Meu conselho é que você analise cada um desses pontos com muita atenção e faça suas considerações. Veja onde estão os maiores ganhos rápidos para o seu site e comece por eles, criando um backlog de iniciativas para priorizar o que pode demorar mais.

E se quiser ter a Hedgehog ao seu lado para te ajudar com tudo isso e ter uma agência de SEO que está realmente conectada com o que há de mais novo e eficiente no mercado, conte conosco e vamos juntos em busca de mais menções, visualizações, cliques e, principalmente, resultados concretos e que mexem o ponteiro do seu negócio.

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Sobre o Autor...

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Felipe Bazon

Felipe Bazon é CSO da Hedgehog Digital e um dos profissionais de SEO mais renomados do país com reconhecimento internacional. Em 2015 e 2020 foi eleito profissional do ano de SEO no Brasil. Além da vasta experiência operacional, é também orador regular em eventos como E-show, OME Expo, Des-Madrid, Digitalks, RD Summit e Brighton SEO.

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